Principais pragas urbanas em residências: os ambientes residenciais também proporcionam um ambiente favorável para uma série de insetos que ali encontram alimento e abrigo, e que ao longo dos anos se adaptaram a esse ambiente urbano e hoje são encontrados em outros ambientes, sendo considerados pragas urbanas.
Bem menos que na agricultura, em ambientes urbanos encontra-se cerca de uma dezena de pragas, entre eles, os artrópodes e vertebrados se destacam: baratas, formigas, moscas e mosquitos, cupins, traças, barbeiros, aranhas, escorpiões, ácaros, morcegos, ratos e pombos.
Ao contrário do número de espécies reduzido, as populações dessas pragas urbanas são alarmantes e, constantemente, estão associadas direta ou indiretamente à doença. Estima-se que, na cidade de São Paulo, existam sete roedores por habitante, estes passam a maior parte do tempo ocultos nas tubulações de esgoto e de drenagem de água da chuva, buscando alimentos em lixos. Durante os meses de chuva, quando essas galerias ficam inabitáveis, os roedores buscam outros ambientes, invadindo as residências e seus excrementos passam a contaminar a população em geral, sendo disseminados pelas águas pluviais, levando leptospirose a todos os ambientes onde a água da chuva, que extravasam dos bueiros, atingir.
Exemplo muito próximo de cada um de nós é o do mosquito Aedes aegypti transmissor da dengue, zika e chikungunya. Os quintais, residências e apartamentos, desapercebidos podem ser berçários das larvas, sendo que os adultos alados não respeitam fronteiras, veiculando a doença por onde forem. Moscas e baratas também se enquadram como vetores de doenças, porém não específicas, mas muito mais associadas a contaminações devido seu hábito de alimentação em ambientes insalubres e, após, trânsito em ambientes domésticos, disseminando contaminantes.
Diante desse “novo” ramo da Entomologia, o intuito desse artigo é informar sobre as pragas urbanas que habitam residências, seus hábitos e prejuízos além de orientar quanto à necessidade de um combate a pragas urbanas seguro e eficiente, mudando o conceito de “dedetização” e gerando a consciência de que cada um pode ser colaborador na redução de problemas de saúde pública, administrando regularmente esse problema nos ambientes onde frequentamos.
Baratas
As baratas de ambiente doméstico, diferente daquelas que habitam matas, tem comportamento gregário. Normalmente ocultam-se nas cozinhas ou redes de esgoto e movimentam-se durante a noite, buscando alimento, água, parceiros para a cópula e ovopositando, e, nesse caso, dispersando sua população. Durante o período diurno permanecem escondidas, frequentemente descansando. Quando baratas urbanas aparecem durante o dia é sinal de alta população, sendo estimada que para cada barata observada, haja cerca de 1.000 escondidas ou ainda falta de alimento e água, diz o colaborador da nossa dedetizadora.
As espécies de baratas urbanas são onívoras, contudo, podem sobreviver três dias sem água e dois meses sem alimento. A reprodução das baratas é sexuada, sendo os ovos depositados em estruturas chamadas de ooteca. Algumas espécies de baratas carregam a ooteca até a eclosão das ninfas como é o caso da Blatella germanica e Supella spp., outras as depositam em locais abrigados, em frestas, fundo de armários e as recobrem com detritos, evitando a dessecação e predação como fazem as baratas de esgoto, a Periplaneta americana.
Há relatos que a duração de seu ciclo (ovo-adulto) dure oito meses em temperatura de 28°C, mas esse tempo pode ser muito variável, pois sua biologia é afetada pela variação de temperatura.
As baratas podem ser vetores de doenças, tanto na forma mecânica como biológica. No primeiro caso carregando externamente fungos, bactérias e protozoários entre outros e os depositando por onde passam, no segundo caso, quando são hospedeiros intermediários de vermes. Suas fezes e exúvias podem ocasionar reações alérgicas, deixam cheiro característico repugnante que inutilizam alimentos, podem também destruir, sujar roupas e livros e, ainda desencadear sentimentos de medo, repulsa e nojo.
Formigas
As formigas são tão repugnantes como as baratas, nem tão irritantes como as moscas, mas as formigas são consideradas uma das principais fontes de contaminação em residências e hospitais. Seu trabalho minucioso, muitas vezes discreto, ocasionam grande fonte de inóculo e disseminação de doenças.
No Brasil há aproximadamente 2.000 espécies de formigas, porém apenas 30 são consideradas pragas urbanas e, dentre os males que as formigas podem causar, destacam-se as dermatites, danos estruturais e a equipamentos elétricos e eletrônicos e, principalmente, disseminação de doenças patogênicas. Em uma pesquisa realizada em hospitais, 16,5% das formigas coletadas apresentaram relação direta com bactérias patogênicas.
Entre as principais pode-se citar a formiga faraó (Monomorium pharaonis), que, devido ao rápido crescimento populacional e sua ampla distribuição geográfica apresentam alta capacidade de transmissão de patógenos, formiga fantasma (Tapinoma melacnocephalum), comumente encontrada em batentes de portas, atrás de azulejos, em árvores, madeiras em decomposição e tendo como principal característica desta espécie o hábito de se movimentar em zigue-zague quando procuram por alimento.
As lava-pés (Solenopsis ssp.) causam picadas dolorosas e as carpinteiras (Camponotus ssp.) danos em residências e peças de madeira além de equipamentos eletrônicos, onde frequentemente fazem seus ninhos.
As formigas são insetos sociais, isto é, vivem em colônias de indivíduos adultos (rainha e operárias) e crias (ovos, larvas e pupas). Dentre a população adulta de um ninho de formigas, encontram-se as operárias que tem como função a coleta de alimento e água. No máximo 30% da população adulta atual nessa atividade, assim, os indivíduos que são vistos representam de 5 a 10% do total da colônia.
Como são muito pequenas, conseguem alojar seus ninhos em frestas na cozinha, ou fendas e rachaduras no piso, rodapés e soleiras. São comuns também no interior de dutos elétricos e telefônicos, em tomadas e no interior de aparelhos elétricos e eletrônicos.
Outro fator que facilita a disseminação de ninhos de formigas em uma residência é o fato de que, diferente das formigas cortadeiras que causam danos nas atividades agrícola e pecuária, várias rainhas podem conviver no mesmo ninho e, quando há falta de espaço para ampliar o ninho, as operárias carregam uma rainha fecundaria para outro local, reiniciando outra colônia. Nessas espécies não há vôo nupcial, sendo comum a poliginia, isto é, várias rainhas na mesma colônia, reproduzindo ovos. As formigas do meio urbano, que habitam em residências, buscam como alimento, grãos de açúcar, doces, migalhas de pão, bolachas, restos de alimento humano, de rações e outros insetos mortos.
Moscas
Com o ciclo de vida muito curto e altamente dependentes de alimento, esses insetos que são cosmopolitas, vivem habitualmente em ambientes domiciliares e periodomiciliares, na zona urbana ou rural. O tamanho da população local está diretamente correlacionado com a qualidade sanitária do ambiente, sendo detectada com maior abundância em regiões com deficiência na coleta de lixo, criação de animais e acúmulo de material orgânico. Tais resíduos servem de substrato para a deposição de ovos e desenvolvimento das larvas.
A principal mosca em áreas urbanas é Musca domestica, que tem hábito diurno, apresentam grande capacidade de vôo, permanecendo sempre em áreas iluminadas e quentes. Uma característica desses insetos é que para “decidir” se o substrato disponível é apropriado ou não para sua alimentação, as moscas não precisam utilizar seu aparelho bucal, pois as extremidades de suas pernas não dotadas de papilas gustativas capazes de verificar, de antemão, se estas podem ou não se alimentar.
Essa característica faz das moscas hábeis veiculadoras de patógenos, pois, alimentando-se ou não, pousam em todos os substratos, transportando seus resíduos de um local para outro, passando rapidamente do lixo para mesa de jantar ou do aterro sanitário para a sobremesa.
Assim, dezenas de espécies de vírus podem ser veiculadas por Musca domestica, além de patógenos causadores de infecções entéricas e não-entéricas, de bactérias da febre tifoide, da disenteria bacilar, das infecções estafilocócicas, dos cistos e oocistos de protozoários e ovos de helmintos.
Mosquitos
Existem várias espécies que podem ser reconhecidas por mosquitos, sendo mais comumente chamadas de pernilongos, muriçocas e borrachudos. Estes pertencem à família Culicidae e são caracterizados pela presença de um par asas membranosas, pernas alongadas e aparelho bucal do tipo picador sugador.
Apresentam metamorfose completa, isso é, passam pelas fases de ovo (depositado) na água, ora limpa ora suja, dependendo da espécie, larvas e pupas que são aquáticas e o adulto. São frequentemente em regiões tropicais e subtropicais, onde o clima é favorável para seu desenvolvimento e o regime de chuvas proporciona vastos ambientes de desova e desenvolvimento.
Os machos dessa família alimentam-se exclusivamente de soluções açucaradas, como frutas e néctar. Por outro lado, as fêmeas necessitam de sangue, como fonte de proteína, para o amadurecimento dos ovos. Os mosquitos são atraídos pela transpiração e expiração que provocam emissão de CO2, em geral, escolhem pés e tornozelos para obtenção de sangue, pois voam baixo e normalmente atacam de manhã ou ao entardecer.
Sua saliva possui uma enzima com propriedade anestésica, que torna quase indolor a picada, o que dificulta que a pessoa perceba o inseto e por outro lado, dá tempo para que o mosquito adquira o alimento desejado. Tanto as fêmeas quanto os machos dos mosquitos abrigam-se dentro das casas ou nos terrenos ao redor.
Os ovos dos mosquitos são depositados separadamente nas paredes internas de objetos, próximos a extensas superfícies de água limpa (para o Aedes aegypti) ou em massas de ovos, em forma de jangada, na água com resíduos em decomposição (para o Culex sp.). Porém, na ausência de água, ovos servem de proteção para os embriões, eclodindo tão logo se tenha uma condição favorável para o desenvolvimento das larvas.
Os hábitos urbanos passaram a favorecer o desenvolvimento dessa praga urbana, que encontram em vasos de plantas depósitos de pneus ou garrafas condição ideal para o desenvolvimento e proliferação dos mosquitos.
- O controle dessa praga urbana é fundamental para preservação da saúde pública, pois são vetores de uma série de endemias como: Malária (Anopheles sp.);
- Dengue (Aedes aegypti);
- Leishmaniose (Flebotomo ssp.);
- Filariose (Culex sp.);
- Febre amarela (Aedes ssp.).
Cupins
Os cupins são organizados em sociedades, os cupins também são conhecidos como formigas brancas, térmites e durante a fase alada, de siriris ou aleluias. As colônias onde vivem, também chamadas de cupinzeiros ou termiteiros, abrigam o rei e a rainha, responsáveis pela ampliação da população; os ovos, operários e soldados, ambos estéreis, que são responsáveis respectivamente pela alimentação das outras castas e da proteção do cupinzeiro.
Em ambientes equilibrados, os cupins participam dos processos ecológicos, atuando na transformação de minerais, de componentes orgânicos, na gêneses do solo, além de servir de alimentos para outras especeis animais. Dentro desse contexto, muitas espécies de cupins foram favorecidas durante o processo de urbanização, e hoje várias delas são agentes potenciais de dano em residências, seja durante o consumo das estruturas de madeira, cabos elétricos, plástico, gesso, couro, material têxtil, seja na morte ou degradação de jardins.
Os cupins de importância como pragas urbanas podem ser classificados em três categorias:
- Cupins de madeira seca: que atacam peças de madeira e seus derivados e vivem diretamente dentro da peça que consomem alimento;
- Cupins subterrâneos: atacam madeiras e derivados, mas vivem em ninhos construídos fora do alimento, em locais ocultos e não necessitam de com o solo;
- Cupins arborícolas: que causam transtorno similares aos dos subterrâneos, porém constroem seus ninhos em suportes elevados e transitam em túneis através do substrato.
Sabe-se que uma colônia de cupim com aproximadamente três milhões de indivíduos, pode consumir em média e que, essa mesma colônia, pode causar, em um período de três meses, danos estruturais irreversíveis em edificações urbanas. Estima-se que, atualmente, seja gasto no mundo entre US$ 5 a 10 bilhões de peças atacadas por cupins.
Ratos
Todos os relatos trazem que a sinantropia dos ratos/camundongos foi gerada pela própria atividade do homem, disponibilizando abrigo, água, alimento e acesso. Das espécies urbanas, o Rattus norvegicus, o Rattus rattus e o Mus muscullus são particularmente importantes por terem distribuição cosmopolita e por serem responsáveis pela maior parte dos prejuízos econômicos e sanitários, como a leptospirose, os ratos geram riscos ao homem isso é fato.
Ratazanas, ratos de forro e camundongos, para a dona de casa não faz muita diferença sua classificação, já seu incômodo é extremamente relevante. Entretanto, para um combate eficaz aos ratos, é imprescindível reconhecer a espécie correlacioná-la com seus hábitos.
Ratos novergicus, conhecido como ratazana, rato de esgoto, rato marrom ou rato da Noruega, vive em tocas no solo, galerias de esgoto e água pluviais, podem também construir ninhos no interior das estruturas, em locais pouco movimentados e próximos a cursos d’água ou valas e se deslocam através de trilhas até locais de alimentação disponível. Essa espécie de ratos vive em colônias, podendo atingir grandes populações quando há disponibilidade de abrigo e abundância de alimentos para os ratos.
Embora possam percorrer grandes distâncias e sejam ótimos nadadores, os indivíduos desta espécie têm raio de ação relativamente curto (50 metros) e são “desconfiados” de novos objetos ou alimentos disponibilizados no seu território, sendo considerado neofóbicos.
Além das diferenças morfológicas, o rato de telhado ou rato de forro (Rattus rattus) apresenta comportamento e habitar bastante distintos dos da ratazana. Os ratos de telhado constrói seus ninhos em topos de edificações (forros, telhados ou sótão) e até mesmo em árvores. Essa espécie de ratos tem grande habilidade em subir paredes, vigas ou fios e outras estruturas das edificações, graças ao apoio de sua longa cauda. Esse rato sobe e desce tais estruturas em busca de alimento e água e, pela característica de escalada, esta espécie de roedor urbano explora um raio maior que a anterior. Também são neofóbicos.
Já o camundongo (Mus muscullus) é uma espécie de roedor extremamente curiosa, investigando cada novo espaço e estrutura (neófilo). Acredita-se que um camundongo possa visitar de 20 a 30 espaços em uma noite, em busca de alimento, muito embora seu raio de ação seja de cerca de 3 metros. Este hábito traz sérios problemas de contaminação de alimentos em despensas e depósitos em geral, além de dificultar seu controle.
São animais pequenos, raramente ultrapassam o peso de 25 gramas e 18 centímetros de comprimento (incluindo a cauda) e sua presença passa despercebida dentro dos domicílios, só sendo notados quando sua infestação já estiver estabelecida, tornando-se dessa forma, importantes pragas urbanas intradomiciliares.
Ribeira Dedetizadora e Desentupidora
Um pensamento em “INSETOS: PRINCIPAIS PRAGAS URBANAS EM RESIDÊNCIAS”